A 16 de outubro assinala-se o Dia Mundial da Alimentação. A propósito desta data, fomos falar com a investigadora do CIS-Iscte Marília Prada, que tem investigado fatores individuais e contextuais que afetam a adoção de dietas mais saudáveis.
Marília Prada é Professora Auxiliar com Agregação na Escola de Ciências Sociais e Humanas do Iscte e investigadora no CIS. Para além da sua experiência no desenvolvimento e validação de instrumentos, os seus interesses de investigação incluem a Perceção de alimentos e comportamento alimentar, a área da Cognição social, o estudo das Atitudes, o Efeito do priming emocional, e o comportamento de consumo.
A Marília tem desenvolvido e trabalhado em projetos que pretendem compreender o comportamento relacionado com a adoção de alimentação saudável. Pode falar-nos sucintamente da sua investigação nesta área?
A minha investigação no âmbito da alimentação organiza-se em quatro eixos principais. Primeiramente, interessei-me pelo impacto de como alguns atributos destacados nas embalagens dos alimentos podem modular a perceção dos consumidores. Por exemplo, temos verificado que atributos como “origem biológica”, “sem glúten” ou “sem açúcar adicionado” podem levar as pessoas a ver os produtos como mais saudáveis e menos calóricos. Temos também trabalhado na identificação de fatores que constituem barreiras e facilitadores de dietas à base de plantas, nomeadamente a semelhança entre a carne e o animal que lhe dá origem ou a perceção de alternativas à carne. Uma linha em que temos investido bastante é na investigação dos fatores subjacentes ao consumo de produtos de elevado teor de açúcar. Por um lado, temos focado determinantes individuais relacionados com a capacidade das pessoas em reduzir o consumo de açúcar como o conhecimento do limite máximo recomendado ou a identificação de ingredientes enquanto fontes de açúcar. Por outro lado, temos explorado variáveis relacionadas com o contexto, incluindo a análise da qualidade nutricional de categorias de produtos presentes no mercado nacional (por exemplo, cereais de pequeno-almoço) ou até de que forma pistas subtis como a música influenciam a perceção de doçura de diferentes alimento.
Por último, recentemente integrei a equipa de um projeto internacional que visa promover a adesão aos princípios da Dieta Mediterrânea nas cantinas universitárias.
O que a motivou a estudar o tópico da redução de açúcar, como no projeto Sugar, e porque é que esta área é importante no contexto da saúde pública?
O CIS-Iscte participa como parceiro no projeto “MedDietMenus4Campus”. Qual o objetivo deste projeto e qual o contributo da Psicologia para a mudança dos hábitos de alimentação no contexto deste projeto?
A Marília coordena, a par com a investigadora Magda Saraiva do Ispa, um projeto recentemente financiado – o "LessSugar4Kids". Qual o objetivo do projeto?
Considerando o seu conhecimento nesta área, como sugere que os decisores políticos e organizações de saúde possam utilizar dados científicos para informar campanhas de saúde pública mais eficazes, não só na redução de açúcar, mas também na promoção de hábitos de consumo mais saudáveis?
Que conselho deixaria às pessoas que pretendem fazer escolhas alimentares mais saudáveis e reduzir o consumo de açúcar, com base nos conhecimentos que obteve com a sua investigação?
O Dia Mundial da Alimentação foi instaurado pela Organização das Nações Unidas em 1979 para celebrar a criação da sua Organização para a Alimentação e a Agricultura. Desde 1981, a celebração deste dia segue um tema específico em cada ano. A edição de 2023, sob o mote “Água é vida, água é alimento. Não deixar ninguém para trás.”, é dedicada à água e pretende sensibilizar para a sua importância, sobretudo no contexto das alterações climáticas.
Comments